"O amor acaba quando poesia desiste dos olhos.
O amor se despede quando janela se torna janela apenas e as estrelas, pontos no céu; quando sonhar se faz tão-somente intervalo entre os dias.
O amor acaba pela reincidente aridez de dentro, por laço que endurece, espinho que cativas, ferida que cultivas, distâncias que nascem entre nós e a vida, entre nós e o outro.
E o que dizer do amor que jamais morreu por não ter fim mas que hoje deixou de ser?
Qual linha, palavra ou ausência traça o limite entre o que éramos do que não mais seremos?
Talvez o amor só deixe de ser por nunca ter sido o que havia de se tornar: amor."
A poesia acaba quando amor desiste dos olhos.
Guilherme Antunes
http://pequenasepifaniaseoutrosdevaneios.blogspot.com.br/